Entre o Espírito Santo e Brasília: Mulheres, carreiras políticas e o legislativo brasileiro a partir da redemocratização.
Mestranda Dayane Santos de Souza
A literatura sobre gênero e política aponta para a ainda sub-representação das mulheres na política institucionalizada, um desafio ao projeto democrático e um impasse aos estudos de gênero. A persistência das desigualdades de gênero nas dimensões cotidianas, alimentada pela divisão sexual do trabalho, condiciona os espaços sociais ocupados por mulheres e homens e mantém a apartação entre o público e o privado, com a subalternização do segundo, o que impacta a equidade de gênero na participação política formal. Tal constatação leva aquestionar quais são as barreiras para a carreira feminina na democracia representativa brasileira. Elegendo-se o período de 1982 a 2011, a pesquisa apresenta as narrativas das trajetórias políticas de dez mulheres que galgaram êxito na chegada ao Congresso Nacional, máxima instância legisladora no Brasil e ainda marcadamente masculina. Tratam-se das representantes do Espírito Santo, estado que teve o melhor resultado proporcional na eleição de mulheres para a Câmara dos Deputados nas eleições 2010. A metodologia principal é a história oral de vida, acompanhada de pesquisa documental, quando também se realizou levantamento da produção legislativa dessas mulheres. Objetivou-
se analisar suas condições sociais, seus projetos ao longo da carreira, ganhos e perdas, entraves e possibilidades, tensões e conciliações à luz de questões presentes nos debates de gênero e de política. Conclui-se que, mais exitosas em seu projeto político ou menos, tais mulheres tentam uma mútua adequação entre o “intelectual orgânico” de Gramsci e o “político profissional” de Weber, tendendo, porém, a rejeitar a segunda denominação. Acreditam “fazer política” de jeito diferente dos homens, com maiores preocupações éticas e sociais, que, em alguma medida, notam obstaculizar a carreira político-partidária. Vivenciam, com agudeza, a tensão entre carreira e família, admitindo o alto preço pago pelas mulheres para se manterem no campo político. Reconhecem, contudo, a relevância, para si, da escolha de participar do poder de
Estado. A produção deste conhecimento visa a somar esforços para os estudos de mesma natureza realizados em outras partes do país e a contribuir para a reflexão acerca da democracia e da condição das mulheres enquanto sujeitos políticos no Brasil.
Palavras-chave: Mulheres. Democracia Representativa. Desigualdades de Gênero. Legislativo. Estado do Espírito Santo.
Banca examinadora:
Profª Drª Adelia Maria Miglievich Ribeiro (orientadora PGCS/UFES)
Profª Drª Sandra Regina Soares da Costa (PGCS/UFES)
Profª Drª Flavia Millena Biroli Tokarski (IPOL/UNB)
Prof. Dr. Paulo Magalhães Araújo
Data:28/11/2014 às 09:30
Local: Sala 113 Prédio Bárbara Weinberg