A América Latina como lugar de enunciação: intelectuais críticos e estruturas de sentimentos

Resumo: No diálogo entre as teorias sociais, a sociologia dos intelectuais e o pensamento social latino-americano, a pesquisa investiga os anos 1960 e 1970, quando uma inédita configuração tomou conta da América Latina a partir do exílio de intelectuais brasileiros provocado pela ditadura militar implementada no Brasil. Naqueles tempos, os deslocamentos imprevistos geraram círculos sociais inéditos aproximando o Brasil da América de língua hispânica. Priorizando o conceito de \"estruturas de sentimentos\", advindo do materialismo cultural de Raymond Williams (2003; 2011), analisamos a emergência de um peculiar pensamento crítico e autóctone naquelas décadas carregado do sentido de utopia, que reivindicava a América Latina como lugar de enunciação. Problematizamos o “intelectual periférico” (PIGLIA, 2001) e sua atuação, objetivando perceber as brechas e fissuras no projeto hegemônico que possibilitaram e possibilitam resistências e emergências, visíveis no mood/atmosfera/ambiência (HIGHMORE, 2013). Tal produção é articulada ao contemporâneo \"giro decolonial\" (LANDER, 2005; CASTRO-GÓMEZ & GROSFOGUEL, 2007), de maneira que podemos desenhar uma imaginação intelectual crítica e plural latino-americana que, em suas diferenças, oposições, distanciamentos, intervém na geopolítica global do conhecimento. Nomes como Darcy Ribeiro, Ruy Mauro Marini, Theotonio dos Santos, Vania Bambirra, Paulo Freire, de um lado, e hispano-americanos como Leopoldo Zea, Roberto Retamar, Pablo Casanova, Ángel Rama, Enrique Rodó, Castro-Gómez, Aníbal Quijano, Ramóns Grosfoguel e Walter Mignolo deixam de ser vistos em seu isolamento se não como partícipes de uma ciência social a partir do Sul.

Data de início: 2018-03-01
Prazo (meses): 36

Participantes:

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Coordenador	Adelia Maria Miglievich Ribeiro