Notas sobre os confrontos de junho de 2013 no Brasil: causas prováveis, significados em disputa, possibilidades históricas
Nome: Felipe Moura de Andrade
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 10/08/2015
Orientador:
Nome | Papel |
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Adelia Maria Miglievich Ribeiro | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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Adelia Maria Miglievich Ribeiro | Orientador |
Breno Marques Bringel | Examinador Externo |
Marta Zorzal e Silva | Examinador Interno |
Resumo: Junho de 2013 entrou para história política brasileira como o mês das manifestações mais espontâneas, massivas e catárticas que o país já experimentou até o presente momento. Um mês de enormes surpresas parecendo caminhar na contramão de toda a ordem e expectativa social. Esta pesquisa tem como objetivo somar na compreensão e explicação dos motivos, significados e desdobramentos daqueles protestos, ainda tão recentes, ciente, pois dos riscos desta análise. Falamos de manifestações difusas e, por vezes, contraditórias que se espraiaram por centenas de cidades brasileiras com as ruas tomadas por milhões de pessoas. Para tanto, a categoria "confronto" é escolhida abrindo a possibilidade de se pensar os protestos nem como movimentos sociais nem como revolucionários, mas como "ciclos de confrontos", em acordo com Tarrow, McAdam e Tilly. Elegemos, também, a discussão acerca dos significantes "vazios" e dos significados em disputa, com base em Chantal Mouffe, Ernesto Laclau e Íris Young ao trazer a ideia de "perspectivismo" na análise do social. Inspirada em Max Weber, a pesquisa propõe o reexame do processo de abertura e redemocratização da sociedade brasileira chamada de Nova República, explicitando conexões entre tais eventos, que incluem os governos de FHC e a chamada "era Lula", e as motivações que possibilitaram os eventos de junho de 2013, mediante recursos de construção de tipologias; ao mesmo tempo em que buscamos identificar as possibilidades históricas abertas. Defendemos, a par de outros apontamentos, acerca da incapacidade do Estado brasileiro, em seus vários níveis, desde a redemocratização até os protestos, em efetivar um modelo de bem-estar prometido na Constituição Cidadã de 1988, bem como a configuração de um sistema político que permitiu a persistência de práticas e lógicas políticas não compatíveis com as expectativas sociais como produtoras das condições para os conturbados eventos de junho de 2013. Tais eventos acabaram marcados por confrontos e polarizações que, ao desestabilizar o sistema político, tem provocado efeitos de realinhamento de caráter conservador da sociedade e da política em que pesem intenções originais de alguns agentes. Todavia, o projeto de sociedade continua em aberto e em disputa, trazendo para o palco da democracia o conflito entre antigas e novas subjetividades, com relevância para a mídia tradicional e as alternativas.