ENTRE A DIREITA E A ESQUERDA NO BRASIL POPULAR:
UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DA IDENTIFICAÇÃO POLÍTICA DE
ESTUDANTES DO PROEJA/IFES NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS BRASILEIRAS
DE 2018 E 2022
Nome: LUCIANA SILVESTRE GIRELLI
Data de publicação: 06/12/2024
Banca:
Nome | Papel |
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DANIEL DE MENDONÇA | Examinador Externo |
DAVIS MOREIRA ALVIM | Examinador Externo |
IGOR SUZANO MACHADO | Presidente |
JONAS MARCONDES SARUBI DE MEDEIROS | Examinador Externo |
PATRICIA PEREIRA PAVEIS | Examinador Interno |
Resumo: Esta tese buscou compreender como ocorreu a formação da identificação política ou
não dos estudantes do Proeja-Ifes – campus Vitória, em relação ao candidato Jair
Bolsonaro, durante as eleições presidenciais brasileiras de 2018 e de 2022, com
ênfase na contribuição da escola para a formação de suas posições políticas. O
estudo contou com a participação de 20 estudantes, divididos entre eleitores e não
eleitores do candidato, e adotou metodologias qualitativas para a coleta de dados,
como entrevistas em profundidade, grupos focais e observação. A Análise do Discurso
da Escola de Essex, cujos principais expoentes são Ernesto Laclau e Chantal Mouffe,
foi utilizada como referencial teórico-metodológico e, como conceitos estruturantes,
as noções de identificação política, antagonismo e hegemonia. Por meio da análise
das trajetórias de vida dos estudantes, identificou-se uma tendência de eles
assumirem as posições políticas hegemônicas nos espaços em que se sentiram mais
amparados em momentos de vulnerabilidade. No caso dos eleitores de Bolsonaro,
preponderaram a internet, a religião e, em menor grau, as organizações sociais e a
escola. Entre os não eleitores, destacaram-se a escola e as organizações sociais e,
em menor proporção, espaços culturais e virtuais. Para compreender como os
discentes responderam ao processo que levou à hegemonia do bolsonarismo, suas
narrativas foram analisadas nas dimensões sociais, políticas e fantasmáticas, pelas
Lógicas da Explicação Crítica, conforme os autores Jason Glynos e David Howarth.
Demonstrou-se que os eleitores de Bolsonaro foram mobilizados prioritariamente por
pautas morais, sobretudo as relacionadas à defesa da família, e os não eleitores, por
demandas relativas à mitigação das desigualdades sociais, étnico-raciais, de gênero
e de orientação sexual. Verificou-se que o antagonismo marcou a identificação política
dos participantes, seja pelo antipetismo, seja pela rejeição a Jair Bolsonaro, e
manifestou-se no ambiente escolar por conflitos políticos, vivenciados negativamente.
Apesar disso, os estudantes afirmaram a pertinência do debate político no ambiente
escolar, desde que nos moldes agonísticos, em que o oponente não seja visto como
inimigo. Concluiu-se que a escola teve importância relativa na formação da
identificação política dos estudantes, sendo mais influente entre os não eleitores do
candidato. No mais, contribuiu para fomentar reflexões e promover o contato com a
alteridade, demonstrando ser um espaço potencialmente amplificador da democracia.