“VAI TER QUE ATURAR”: mulheres-políticas-negras-faveladas na Alerj

Nome: MIRILA GREICY BITTENCOURT CUNHA

Data de publicação: 23/09/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ADELIA MARIA MIGLIEVICH RIBEIRO Presidente
ANDREA LOPES DA COSTA Examinador Externo
LUCIANE DE OLIVEIRA ROCHA Examinador Externo
SIMONE MAGALHÃES BRITO Examinador Externo
VANIA MORALES SIERRA Examinador Externo

Resumo: A tese orienta-se pelas hipóteses: i. a entrada de mulheres negras faveladas na política perturba o “pacto narcísico” (BENTO, 2002) dos homens brancos, grupo majoritário na democracia representativa brasileira, herdeiros de postos de poder desde os processos do empreendimento colonial; ii. a atuação parlamentar das “mulheres-políticas-negras-faveladas”, como serão aqui definidas, é um processo constante de “aquilombamento” (NASCIMENTO, 2006; 2015) na esfera pública-política, que a redefine. Propõe-se aqui uma análise sociológica do “modo de fazer política” apresentado pela Agenda Marielle Franco (INSTITUTO MARIELLE FRANCO, 2020), disposto em sete pautas e práticas, como incentivo e guia para candidaturas de mulheres negras. Conforme é sabido, a vereadora carioca Marielle Franco foi vítima de “feminicídio político” (SOUZA, 2020) em 14 de março de 2018, entretanto, deixou como legado outra forma de organização de poder, que se buscou constatar nas atuações de Dani Monteiro, Mônica Francisco e Renata Souza, suas assessoras, eleitas Deputadas Estaduais em suas primeiras disputas eleitorais seis meses após a execução sumária da inspiradora. Como estratégia metodológica, foram selecionados pronunciamentos parlamentares, realizados no púlpito da tribuna do plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), registrados por taquigrafia, disponibilizados no site da instituição como “ordem do dia” e “discursos” (ordinários e
extraordinários). Com a palavra-chave “Marielle Franco” foram filtrados 70 documentos, de um total de 179, no ano de 2019. Tais falas apontam, na(s) Violência[s] Política Sexista[s] Racista[s] (VPSRs) (MATOS, 2019; 2021), a confirmação da “branquitude” (BENTO, 2002; CARDOSO, 2008; SCHUCMAN, 2012), como forma de dominação, de um lado, e de outro, as resistências de “mulheres-políticas-negras-faveladas”, por seus pronunciamentos, que são, também, “escrevivências” (EVARISTO, 2005; 2009; 2017; 2022). O lema da primeira e única campanha de Marielle Franco, “eu sou porque nós somos”, ubuntu, provérbio africano, ecoa a construção histórica social do Brasil, deixando explícitos o racismo, sexismo e classismo que afetam, até hoje, os cargos públicos representativos da política institucional, confrontados por elas na luta pela descolonização do poder e por um modelo agonístico contra a “ilusão do consenso” (MOUFFE, 2003; 2006; 1994), capaz de desafiar e denunciar a democracia formal e excludente.

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