Pretas Cervejeiras: uma pesquisa qualitativa sobre consumo e politização em práticas onlife

Nome: TIARE GOULART MAESTRI

Data de publicação: 11/07/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
FÁTIMA PORTILHO Examinador Externo
GLEICY SILVA Examinador Externo
MARIA CRISTINA DADALTO Presidente
OSVALDO MARTINS DE OLIVEIRA Examinador Interno
PATRICIA PEREIRA PAVEIS Examinador Interno

Resumo: Esta tese investiga o consumo como prática cotidiana, dotada de potencial para gerar mudanças sociais, realçando a questão racial. No cenário cervejeiro, tradicionalmente dominado por homens brancos, mulheres negras enfrentam uma diversa matriz de opressões na contemporaneidade. Buscou-se compreender como as práticas onlife das Pretas Cervejeiras possibilitam transformar o contexto, ou os contextos, nos quais estão inseridas. Argumenta-se que as Pretas Cervejeiras, ao incorporar preocupações éticas e politizadas em suas práticas cotidianas e ao se comunicar através de suas performances corporais nas plataformas digitais, desempenham um papel crucial no enfrentamento das opressões enraizadas em suas próprias realidades e nas realidades de outras pessoas. Essa atuação transcende o âmbito individual, promove a visibilidade e representatividade das mulheres negras no cenário cervejeiro, contribuindo para a desconstrução de estruturas opressivas mais amplas. A estratégia metodológica adotada, conta com as contribuições da cartografia (Passos; Kastrup; Escóssia, 2009) e da etnografia multissituada (Marcus, 1995), descreve as práticas onlife (Floridi, 2015) e a organização das Pretas Cervejeiras no ambiente digital. Discute-se o colorismo (Devulsky, 2021) e as interseccionalidades (Akotirene, 2019). Analisa-se a politização do consumo (Boström; Micheletti; Oosterveer, 2019), o afroempreendedorismo (Nascimento, 2020), e a resistência a opressões sistêmicas através da politização do prazer (Pinheiro-Machado; Scalco, 2022), considerando a comunidade criada pelas Pretas Cervejeiras como uma forma de aquilombamento (Daniels, 2013). As Pretas Cervejeiras criam e apoiam negócios que celebram sua cultura e diversidade, desafiando narrativas dominantes e promovendo a inclusão. Para elas, consumir e empreender no setor cervejeiro não é apenas uma atividade econômica, mas um ato político relacionado à afirmação de uma identidade. A politização do consumo e do empreendedorismo emerge como uma resposta à exclusão e marginalização sistêmica. Suas experiências refletem a politização do prazer, enfrentando normatividades sociais que marginalizam o corpo negro feminino. Este prazer, frequentemente negado ou limitado por estruturas racistas e sexistas, encontra na cerveja uma via de expressão e reivindicação. Assim, estas mulheres rompem com expectativas sociais limitadoras de seus corpos e redefinem os espaços de lazer e consumo como arenas políticas.

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