"Tem uma estrada no caminho": Ciência e Conservação nas Reserva Biológica de Sooretama, uma unidade de conservação de proteção integral dividida pela BR-101, no norte do ES
Nome: MARIANA PIMENTA DE ALVARENGA PRATES
Data de publicação: 19/05/2023
Resumo: No norte do Espírito Santo, o Complexo Florestal Linhares-Sooretama representa o maior remanescente de Mata Atlântica protegida do estado e é compostomajoritariamente por duas áreas, Reserva Biológica de Sooretama e Reserva Natural Vale. No entanto, embora a primeira seja listada como uma unidade de conservação de proteção integral por uma regulamentação que proíbe alterações antrópicas em seus limites, em seu interior há a rodovia federal BR-101 que corta de um extremo ao outro o
Complexo, cerca de 23 km, e gera distintos impactos negativos para as espécies protegidas segundo especialistas; rodovia esta que é uma das mais movimentadas do país e está em processo de duplicação. No meio do conflito entre reservas e rodovia, há a
presença de coletivos de biólogos e ecólogos que trabalham com conservação das espécies naturais ameaçadas. Parte considerável dos estudos de monitoramento e proteção ligados a essas espécies conclui por apontar a presença da rodovia e sua
possível duplicação como ameaças significativas à manutenção e à recuperação das áreas protegidas. Assim, o trabalho tem como proposta descrever e analisar as relações entre três coletivos de pesquisa que atuam pela conservação de espécies animais ameaçadas na região (os projetos Harpia Brasil, Felinos e Pró-Tapir) e a presença da rodovia. Isso será feito a partir da análise de seus trabalhos tecnocientíficos que visam o monitoramento e a conservação do ambiente do Complexo, tendo-se em vista que essas relações envolvem agenciamentos humanos, por parte dos pesquisadores e seus colaboradores, e não-humanos, por parte dos seres da mata. Assim, realizei revisão bibliográfica das literaturas pertinentes dentro das ciências sociais, análise documental de artigos de biologia da conservação produzidos pelos coletivos citados e de documentos referentes ao Complexo Florestal (planos e relatórios de manejo), além de análise de materiais audiovisuais referentes a palestras públicas dos coletivos e entrevistas realizadas com os cientistas e moradores da região do estudo.