MARÉ CONSERVADORA E EDUCAÇÃO: Análise de Discurso Crítica sobre Políticas Educacionais no Brasil e em Vitória-ES (2010 a 2022)

Nome: DANIELLY DA COSTA VILA REAL

Data de publicação: 08/12/2023

Resumo: Entre os anos de 2010 e 2022 no Brasil – recorte dentro do contexto que vem sendo chamado
de Maré Conservadora – observamos o avanço de um conservadorismo moralmente
regulador, securitariamente punitivo, socialmente intolerante e economicamente liberal. Como
consequência deste fenômeno, a tradicional disputa entre políticas educacionais classificadas
como reformas (inclusivistas) e contrarreformas (neoliberalistas), perdeu espaço para o
avanço de (anti)reformas (moralizantes, militarizantes e intolerantes). No cenário nacional,
destacamos a Base Nacional Comum Curricular e o Novo Ensino Médio como
contrarreformas parcialmente apoiadas no campo educacional, enquanto a Militarização da
escola pública, o Escola Sem Partido e o Homeschooling são (anti)reformas demandadas por
grupos exógenos às comunidades de políticas educacionais. Em Vitória-ES, o
conservadorismo também se materializa em contrarreformas, mas se destacam as
(anti)reformas moralizantes apoiadas por grupos religiosos: Escola Sem Partido, Eu Escolhi
Esperar e o Infância Sem Pornografia. Observado o problema social do sutil apagamento das
temáticas de classe, raça, gênero e sexualidade no campo educacional, assumimos como
problema de pesquisa explicar como o conservadorismo se materializa em “contra” e “anti”
reformas educacionais. Para tanto, adotamos a ADC (Análise de Discurso Crítica) em dois
níveis: um corpus de políticas nacionais e outro de Vitória-ES. Durante a análise dos textos
das políticas e dos discursos de atores entrevistados, identificamos o ideal de formação que
embasa os discursos escritos e orais, observando duas categorias: a) qual é a força
conservadora que constitui cada política, e b) qual temática da diversidade está implicada na
disputa. Os maiores achados desta tese são a) situar políticas educacionais como recursos de
virada ideológica; b) diferenciar políticas educacionais categorizando-as como reformas,
contrarreformas e (anti)reformas, considerando o ideal de formação humana que embasa cada
uma delas; e c) desnaturalizar as ordens do discurso “anti-diversidade” que se espraiam nas
redes discursivas educacionais durante a maré conservadora, instrumentalizando aos
injustiçados para que defendam seu direito à diferença. Mas como achado secundário,
também destacamos o efeito ilocucionário dessas propostas de lei, visto que as entrevistas dão
indícios sobre possíveis mudanças comportamentais nos docentes antes mesmo da política
alcançar alguma vitória legislativa.

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