AÇÃO COLETIVA NA PERIFERIA DE VITÓRIA-ES: O CASO DO TERRITÓRIO DO BEM
Nome: LUCIANE APARECIDA BOLDA
Data de publicação: 30/11/2023
Banca:
Nome | Papel |
---|---|
EUZENEIA CARLOS | Presidente |
JULIA MORETTO AMÂNCIO | Examinador Externo |
MANUELA VIEIRA BLANC | Examinador Interno |
Resumo: Esta dissertação é resultado de uma pesquisa qualitativa que teve como objetivo
analisar como a ação coletiva se mobiliza na periferia urbana para a conquista de
direitos e acesso a serviços públicos, examinando suas configurações no período de
restrições sanitárias com a pandemia da Covid-19, e de restrições políticas com
o enfraquecimento dos espaços de participação institucional nos governos municipal
de 2013 a 2022. As categorias analíticas mobilizadas foram seus repertórios de ação,
suas redes de relações e enquadramentos interpretativos em um diálogo conciliatório
entre a Teoria do Processo Político e a Teoria dos Novos Movimentos Sociais sob a
perspectiva da sociologia relacional. O estudo foi realizado em um território de
periferia localizado predominantemente nos morros de uma região central de Vitória,
capital do estado do Espírito Santo, denominado Território do Bem. Por meio da
técnica da bola de neve, identificamos uma densa rede de atores composta por uma
diversidade de organizações que atuam em defesa dos interesses do Território,
compartilham problemas comuns e acionam uma combinação de repertórios de ação
tradicionais com inovações construídas nos processos interativos. A violência policial
é a pauta predominante dos protestos, que ganham novas performances com a
difusão das redes sociais digitais. Em um contexto de enfraquecimento dos espaços
de participação popular na gestão pública a partir de 2013, predomina a política de
proximidade com atores com maior poder de influência, como a Defensoria Pública. A
ausência do Estado na periferia é especialmente denunciada por um repertório que
se consolida na ação coletiva deste território: a gestão social. Ações antes
empreendidas sob o signo da caridade são agora politizadas e ressignificadas, assim
como a ação solidária, repertório acionado no período pandêmico. Verificamos,
portanto, que o contexto de restrições não imobiliza a ação coletiva na periferia
urbana, mas conduz a novas configurações e performances criativas.