O "PATRIMÔNIO CAMPONÊS" ASPECTOS ETNOGRÁFICOS DE NOVAS IDENTIDADES RURAIS EM PATRIMÔNIO DA PENHA E ENTORNO, CAPARAÓ CAPIXABA, BRASIL

Nome: ALEXANDRE D AVILA DE ALMEIDA

Data de publicação: 13/09/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALBERTO MERLER Examinador Externo
ANDREA VARGIU Examinador Externo
EDUARDO AUGUSTO MOSCON OLIVEIRA Examinador Interno
MARCIA BARROS FERREIRA RODRIGUES Examinador Interno
MARIA CRISTINA DADALTO Presidente

Páginas

Resumo: Inserido no contexto dos movimentos contemporâneos de retorno ao
campo (Fugere Urbem), procurou-se efetuar a descrição de uma tipologia
neorrural de inspiração idealista que tem envolvido indivíduos de origem urbana
atraídos por supostas vantagens comparativas do universo rural, tal como
verificado no distrito de Patrimônio da Penha, município capixaba de Divino de
São Lourenço, Brasil. Este local, escolhido como recorte geográfico da pesquisa,
tem se destacado nas últimas décadas pelo afluxo de pessoas do Brasil e do
exterior em busca de um estilo de vida diferente do de suas raízes urbanas.
Parte-se, aqui, da premissa de que essa transição para a ruralidade tenta
construir uma representação do campesinato na medida em que propõe a
retomada de diversas práticas de comunidades vernaculares, como o trabalho
manual e com a terra, a reciprocidade comunitária, os costumes e as crenças de
inspiração religiosa, a alimentação com produtos locais, a indumentária simples,
a arquitetura rural etc. Entretanto, a efetividade dessa identificação com o ethos
camponês seria passível de questionamento devido à pouca expressão das
dimensões econômica (o vínculo com o trabalho agropecuário) e cultural,
historicamente atribuídas ao campesinato. Ademais, a origem urbana desses
indivíduos poderia impedir sua adaptação ao universo camponês devido a uma
condição de reflexividade prévia adquirida nas cidades. Visando esclarecer
essas e outras questões que envolvem a gênese desse novo agente, o público
rural alternativo local foi abordado como estudo de caso em uma pesquisa
descritiva e exploratória desenvolvida nos anos de 2021-2022. Por meio da
observação participante, de etnobiografias dos novos habitantes do lugar e da
análise de conteúdo dos discursos, procurou-se exumar as justificativas de seu
deslocamento para o meio rural, bem como as estratégias empregadas por
esses sujeitos para a construção de uma rotina neocamponesa. Os resultados
evidenciaram sucessos e dificuldades dessa tentativa utópica de resgate do
rural, que, não obstante sua assimetria frente à cosmovisão camponesa nativa,
demonstrou desempenhar um importante papel na articulação comunitária do
território, tanto no campo econômico quanto no cultural.

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