A Família do Desastre: Representações e Lutas no Contexto das Ações da Fundação Renova Entre Os Povos Indígenas Tupinikim de Aracruz ES
Nome: Elvis Moreira Xavier
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 24/06/2019
Orientador:
Nome |
Papel |
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| Sandro Jose da Silva | Orientador |
Banca:
| Nome |
Papel |
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| Adriana Amaral Ferreira | Examinador Externo |
| Cleyde Rodrigues Amorim | Suplente Externo |
| Eliana Santos Junqueira Creado | Suplente Interno |
| Marta Zorzal e Silva | Examinador Interno |
| Sandro Jose da Silva | Orientador |
Resumo: A presente dissertação se debruça sobre a temática do desastre socioambiental de Fundão em Mariana MG, ocorrido em 05 novembro de 2015, especificamente busca analisar as representações familiares em torno da implementação do programa de cadastramento, ressarcimento e indenização dos atingidos. Através da perspectiva Antropológica e Sociológica a pesquisa imerge-se na comunidade de Caieiras Velha no município de Aracruz ES, a comunidade é uma das 12 aldeias indígenas presentes na região do Piraquê-Açu. Por
meio do método etnográfico entre os períodos de fevereiro e setembro de 2018, buscou-se a cada imersão no campo um constante aprendizado em torno do fazer a pesquisa e através disto detectar a teia de relações presentes na comunidade que possui um modus operandi que é legitimado pela sua população em que através das relações familiares, parentais e comunitárias formam-se um sistema de representação simbólica composta pelo cacique eleito
pela comunidade, juntamente com 12 lideranças que são responsáveis por deliberar pautas referentes a vida comunitária em que as ações da Fundação Renova se fazem presentes. Nesse contexto, se insere, também o papel das associações presentes, focalizando em duas delas, a AITG e a APECI, ambas com finalidades distintas, mas com muita influência em torno das
discussões coletivas. Com a interferência de agentes externos na vida comunitária, sobretudo, a metodologia de aplicabilidade do cadastramento e consequentemente do auxílio emergencial, tensões e conflitos tangenciaram as relações internas entre as famílias e a comunidade, ocasionando em rupturas nas suas relações, de modo, que a mobilização em face
da atuação da Renova se dá entre a articulação entre as famílias Tupinikins, as lideranças e o cacique, juntamente com as demais aldeias indígenas. A literatura exposta terá dois eixos temáticos, o primeiro busca descrever a categoria família ao qual através das transformações sociais, espaciais, econômicas e culturais refletiram na sua composição e deram novas narrativas e perspectivas em torno de sua importância e papel na reprodução das relações
humanas. O segundo eixo trabalhará com o a concepção de desastre balizada pela Sociologia dos Desastres em que essa vertente das Ciências Sociais está voltada em mensurar e debater o fenômeno focalizando nos aspectos humanos e dos contextos criados a partir da ação humana,
seja antes, durante e após o acontecimento, entendendo a partir daí o desastre não somente como um fenômeno de afetação momentânea, mas sim como um processo de contínua afetação. Além disso a atuação da Fundação Renova, bem como, do Estado nesse contexto será mensurada com o auxílio das Notas Técnicas emitidas pelo CTOS, Câmara Técnica pertencente ao CIF, órgão responsável por regular as ações da Fundação Renova focalizando
na implementação do cadastramento, ressarcimento e indenização dos atingidos pelo desastre. Para tanto, a partir do recorte pesquisado entre os anos de 2016 e 2017 a implementação das ações de reparação se deu de maneira assimétrica, morosa e distorcida no que tange a real
dimensão dos impactos causados pelo rompimento da barragem, com isso a população atingida absorveu o ônus dessa lógica introduzida pela Fundação Renova, focalizando as populações indígenas, objeto deste trabalho.
