Entre cruzeiros e o túmulo da Cigana Rostichi: símbolos demarcadores de memórias sociais e identidades religiosas no cemitério de Santo Antônio, Vitória (ES

Nome: BARBARA THOMPSON
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 19/06/2017
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
OSVALDO MARTINS DE OLIVEIRA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALEXSANDRO RODRIGUES Examinador Externo
CELESTE CICCARONE Suplente Interno
CLEYDE RODRIGUES AMORIM Suplente Externo
OSVALDO MARTINS DE OLIVEIRA Orientador
SANDRO JOSE DA SILVA Examinador Interno

Resumo: A presente dissertação analisa o ritual realizado no túmulo da Cigana Adélia Kothich. O túmulo localiza-se no cemitério de Santo Antônio, em Vitória- ES. Acredita-se que esta morta realiza graças e, devido a isso, seu túmulo recebe visitantes constantemente, os quais se auto definem como devotos, que depositam variadas oferendas sobre o túmulo (velas, flores, cigarros, champagne). Busca-se compreender o significado dos pedidos dos devotos e graças alcançadas, os simbolismos das oferendas depositadas no túmulo, e como os praticantes do rito desenvolvem memórias, narrativas sobre a vida e morte da Cigana. Por ser um estudo sobre memórias e identidades, concebe-se o túmulo e o cemitério como lugares de construção de memória e de demarcação de identidades da Cigana e do próprio ator social que executa o gesto ritualístico. Para cumprir os objetivos realizou-se uma pesquisa de tipo qualitativo, tendo como metodologia a etnografia e a pesquisa bibliográfica. Ademais, utilizou-se como instrumentos de coleta de dados o diário de campo, a observação participante, a entrevista, a história oral, história de vida e a análise conceitual. Além do trabalho de campo no cemitério de Santo Antônio, foram realizadas duas visitas em terreiros de Umbanda, entrevistando um total de 52 pessoas. Em suma, conclui-se que este ritual de memória institui uma nova experiência com o sagrado, fomentando a ampliação da variação do fluxo cultural até então vigente no cemitério, isto é, o conjunto de crenças, práticas, valores e costumes. O polissêmico rito à Cigana ampliou e intensificou o compartilhamento e hibridismo de simbologias, entre ritos cemiteriais. E possibilitou a re-modelação de fronteiras e identidades dos membros de grupos religiosos como a Umbanda e o Católico, e do grupo dos vivos e mortos, estabelecendo uma identidade fluída. Ao mesmo tempo que o rito ocasiona um hibridismo na identidade religiosa do devoto, também é viável conceber que, sendo o devoto um ser dotado de híbridas práticas religiosas, isso é transportado para o rito. A identidade religiosa híbrida é causa e consequência da existência do rito à Cigana. Ademais, o grupo étnico cigano tem sua exo identidade reconstruída positivamente por meio da imagem da Cigana Kostichi. O ritual realiza a valorização dos seres vivos e mortos que são múltiplos, dúbios e com forte presença de hibridismo, incentivando a fusão harmoniosa de valores religiosos. Tal hibridez, movimento e trânsito se apresenta tanto na identidade multidimensional dos atores sociais “devotos”, quando na própria identidade da Cigana cultuada.

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