Nota de repúdio contra a violência aos povos indígenas

Os Tupinikim e os Guarani do Estado do Espírito Santo, do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena -Prolind e do Projeto Saberes Indígenas na Escola, com o apoio do Departamento e do Centro Acadêmico de Ciências Sociais da UFES, divulgam nota de repúdio contra o massacre dos Guarani Kaiowa e outras formas de violência que têm vitimado os povos indígenas brasileiros. Veja abaixo a íntegra do texto.

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Nota de repúdio

O Departamento e o Centro Acadêmico do Curso de Ciências Sociais da UFES externando seu profundo repudio às intermináveis afrontas e violações de todas formas de direitos cometidas contra os povos indígenas, mantidas na impunidade e culminando em massacres e numa política indigenista militarizada, repressiva e conivente com interesses anti-indígenas, se associam aos Tupinikim e Guarani do estado do Espírito Santo que assim se manifestam:

Nós Tupinikim e Guarani, do estado do Espírito Santo, do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena- Prolind e do Programa Saberes Indígena na Escola, manifestamos nossa indignação pelos constantes genocídios que vem ocorrendo contra os nossos parentes Guarani Kaiowá, localizados no município de Caarapó, Mato Grosso do Sul.

O ato do dia 14 de Junho de 2016, marca mais um capítulo triste e trágico da história de 516 anos de violação de direitos dos povos indígenas brasileiros. Esse acontecimento comprova novamente o descaso com a vida social, cultural, étnica e espiritual da população indígena.

É revoltante e inaceitável que não houve punição dos criminosos envolvidos com o massacre até o momento, e infelizmente sabemos que o caso ocorrido com o agente de saúde indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, e os feridos inclusive uma criança, no atentado de Caarapó, é mais um dos casos que ficará impune entre as mais de 300 mortes de lideranças indígenas em conflitos fundiários do Mato Grosso do Sul.

Embora haja legislação nacional e internacional de proteção aos direitos de povos indígenas, a nosso ver, não tem sido suficiente para assegurar nossa luta e sobrevivência em nossos territórios tradicionais. Ora, a não garantia do território acarreta perdas irreparáveis que dizem respeito, a cultura, identidade, religião e a continuidade da nossa história. Portanto, a mesma lei que nos protege, não impede que nos extermine.

Exigimos providências e esperamos que este caso não fique impune dentre tantos outros já ocorridos nesta região e no Brasil. Clamamos, pelo fim da violência contra os povos indígenas. Basta de genocídio! Basta de extermínio! Basta de violação de direitos! Basta de discriminação! Basta de invasões em nossos territórios! Queremos apenas o direito de viver.

23/06/2016

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